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Emigração e Imigração Japonesa

sábado, 13 - novembro - 2010, 17:00

A emigração teve início com a abertura do Japão ao resto do mundo e com sua entrada na era da modernidade em 1868. Os primeiros registros de emigração japonesa são de 1868, quando Eugene M. Van Reed (homem de negócios americano) enviou um grupo de aproximadamente 150 japoneses ao Havaí para trabalhar em plantações de cana-de-açúcar e outros 40 para a ilha de Guam. Esse recrutamento e envio ilegal de trabalhadores, conhecido como gannenmono, marcou o início da migração de mão-de-obra japonesa ao exterior. As duas décadas posteriores foram marcadas pela proibição da saída dos japoneses do país, devido ao tratamento escravista que os primeiros migrantes japoneses receberam no Havaí e em Guam. No ano de 1885, o Japão e o Havaí assinaram a Convenção de Imigração, que permitiu a emigração de 29 mil japoneses para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar com contratos de 3 anos. Ao mesmo tempo, outras centenas de japoneses partiam para Ilha Thursday na Austrália, Fiji e outros lugares do Pacífico Sul com contratos de trabalho semelhantes. Esses “imigrantes” eram trabalhadores dekassegui, que pretendiam voltar ao seu país com algum dinheiro após alguns anos de trabalho em terras estrangeiras. No ano de 1893, um grupo de autoridades do governo japonês organizou o chamado Colonization Society, ou Sociedade de Colonização, com a intenção de desenvolver as “colônias” japonesas no exterior. O projeto inicial da Sociedade, datado de 1897, tentou estabelecer uma colônia agrícola no México. Apesar do fracasso, esse projeto marcou o começo da imigração japonesa para a América Latina. Em 1899, cerca de 790 pessoas emigraram para o Peru com contratos de trabalho. Próximo a chegada do século XX, muitos jovens deixaram o Japão para estudar em Estados Unidos. Trabalhadores comuns também entraram pela Costa do Pacífico, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá. Nos estados Unidos, esse acontecimento transformou-se em um problema político na década de 1900.   A agitação antijaponesa na Costa Oeste acabou levando a sérias restrições à entrada de japoneses no Canadá em 1923 e pôs fim à imigração japonesa aos Estados Unidos no ano seguinte. Com a América do Norte fechando suas portas ao povo japonês, os outros países e regiões absorveram a quantidade cada vez maior de imigrantes japoneses. O Brasil se tornou o principal destino da migração de mão-de-obra japonesa. Em 1908, emigrantes japoneses deixaram o país com destino ao Brasil. Muitos trabalhadores contratados também foram para as Filipinas, onde trabalharam em construções de grandes estradas. Regiões do Sudeste Asiático também atraíam os trabalhadores e homens de negócios japoneses. Em meados da década de 30, após o estabelecimento de um governo fantoche na Manchúria, o Japão fez da emigração uma política de Estado. Anteriormente, exceto pela migração de mão-de-obra com contrato do governo para o Havaí, o governo japonês não havia se envolvido diretamente no recrutamento e no gerenciamento dos emigrantes. Em vez disso, as empresas de emigração desempenhavam um papel central na saída dos japoneses, enquanto outros deixavam o país por conta própria. A colonização da Manchúria na década de 1930 envolveu a emigração patrocinada pelo Estado, enviando famílias rurais empobrecidas das regiões do Japão Central e do Norte. Embora a Guerra do Pacífico tivesse interrompido a migração japonesa para as Américas, outras áreas como a Micronésia, a Manchúria e os territórios ocupados e colonizados pelo Japão atraíram uma grande quantidade de japoneses até o fim da II Guerra Mundial. O Japão devastado pela guerra precisava dispersar sua população, que era muito maior do que o suprimento interno de alimento e outros recursos limitados. Assim, depois da assinatura do Tratado de Paz de São Francisco em 1951, que deu a independência ao Japão, o país fez alguns ajustes especiais com os governos dos países latino-americanos para envio de colonizadores imigrantes que trabalhariam para o desenvolvimento agrícola. Os primeiros imigrantes do pós-guerra foram ao Brasil em 1952, para o Paraguai em 1954, para a Argentina em 1955, para a República Dominicana em 1956 e para a Bolívia em 1957. Na década de 60, a recuperação econômica do Japão interrompeu a emigração. Ironicamente, desde a década de 80, muitos nikkeis de segunda e de terceira geração têm migrado dos países latino-americanos para o Japão, onde poderiam ter salários melhores do que em seus países imersos em problemas econômicos. Embora a era da imigração em massa esteja terminada, muitos japoneses ainda deixam o Japão para viver em várias partes do mundo por transferências temporárias de trabalho, casamento, estudos, ou empreendimentos comerciais. Estão surgindo, portanto, novas comunidades japonesas na Europa, na Ásia, nas Américas e na Oceania. Os Estados Unidos também têm atraído muitos japoneses depois de anular sua proibição à entrada de japoneses, primeiro destinando uma quota anual nacional de 185 imigrantes em 1952 e abolindo as restrições baseadas na origem nacional em 1965. Depois da guerra, um grande número das chamadas war brides, ou “noivas de guerra”, entraram no país com seus maridos Americanos.

Imigração Japonesa – Aspectos Históricos

Com a revolução Meiji em 1868 e o fim do governo Tokugawa, o Japão deixa de ser um Estado feudal e se torna um Estado moderno. A economia, até então baseada quase exclusivamente na agricultura, torna-se manufatureira e industrial. O término do período Tokugawa marca o início do intercâmbio cultural e econômico entre o Japão e o Ocidente através da assinatura de tratados de comércio e amizade com diversas nações, entre elas, o Brasil em 1895. A modernização do Japão ocorreu às custas de uma pesada taxação sobre a terra e a produção agrícola, fazendo com que muitos trabalhadores rurais abandonassem o campo com destino às cidades. Também são essas pessoas, colocadas à margem do processo de modernização do Japão, que foram procurar em outros países melhores condições de vida. Em 1868, os primeiros imigrantes japoneses desembarcaram em Honolulu, no Havaí, para trabalhar nas plantações de açúcar. Neste mesmo ano, outros imigrantes japoneses viajaram para a ilha de Guam, uma possessão alemã. A incorporação do Havaí pelos Estados Unidos facilitou o fluxo migratório de japoneses na América. Além dos Estados Unidos, os imigrantes japoneses se destinaram ao Canadá (para trabalhar nas indústrias de madeira e pesca), ao Peru e ao Brasil (trabalho nas fazendas de café). Por diversos motivos, os países tradicionalmente receptores da mão-de-obra japonesa começam a fechar suas portas. As restrições à imigração japonesa impostas pelo Canadá em 1923 foram seguidas pela proibição da entrada de imigrantes japoneses nos Estados Unidos (Quota Immigration Law) em 1924. Essas restrições resultaram no aumento da imigração japonesa ao Brasil a partir da segunda década do século XX.

A Imigração Japonesa No Brasil

O Brasil tentava resolver o problema da carência de mão-de-obra na lavoura cafeeira em expansão. Com a extinção do tráfico de escravos – 1850 – e o fim da escravidão – 1888 –  a solução encontrada foi a contratação em massa de imigrantes europeus. Nos primeiros anos do século XX, a saída dos imigrantes europeus dos campos, rumo às capitais fazia com que a procura de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café fosse muito grande. É nesse período de carência de força de trabalho que se iniciam a imigração japonesa para o Brasil. Em 6 de novembro de 1907, agindo de acordo com o artigo 36 do decreto estadual nº 1458, o governo de São Paulo assinou contrato com Companhia Imperial de Emigração do Japão (Kokoku Shokumin Kaisha). O documento previa o transporte de 3.000 japoneses ao Brasil, em parcelas anuais de mil pessoas.

A Regulamentação do Contrato

De acordo com os decretos que regulamentaram a imigração, dentre outros pontos, seriam considerados imigrantes somente os passageiros de terceira classe. As companhias de navegação ou armadores não poderiam admitir em seus vapores ou navios imigrantes portadores de doenças contagiosas, vícios orgânicos, defeitos físicos que os tornassem inaptos para o trabalho, dementes, mendigos, vagabundos e criminosos. Os imigrantes deveriam vir constituídos em famílias de, no mínimo, três pessoas aptas para o trabalho (entre 12 e 45 anos).

Cronologia da Emigração Japonesa (1868 – 1998)

1868 – A Restauração Meiji marca início do Japão moderno. Eugene Van Reed envia 148 japoneses ao Havaí para trabalhar em plantações de cana-de-açúcar sem a permissão do governo japonês.

1869 – O Holandês Edward Snell envia 40 japoneses de Fukushima para a Califórnia para estabelecer uma colônia agrícola Wakamatsu. O projeto falha e seus membros se dispersam.

 1885 – O 1º grupo de 943 emigrantes japoneses patrocinados pelo governo (Kan’yaku Imin) entra no Havaí. Eles trabalham em plantações de cana-de-açúcar sob contratos de 3 anos.

 1886 – 40 trabalhadores japoneses são mandados para a Ilha Thursday no Pacífico.

 1889 – mais de 2 mil japoneses vivem no Estados Unidos. O grupo é formado basicamente por estudantes e ativistas políticos.

 1893 – É formada a Sociedade de Colonização em Tokyo com a liderança do antigo ministro do exterior Enomoto Takeaki.

 1894 – 305 japoneses chegam a Fiji. O governo japonês publica o Decreto de Proteção ao Emigrante (Imin Hogo Kisoku). Início da guerra Sino-Japonesa. Vários japoneses entram na Coréia e Manchúria.

 1896 – O governo japonês estabelece a Lei de Proteção ao Emigrante (Imin Hogo), que regulamenta as atividades de campanhas de emigração e protege os imigrantes. Esta lei não procura promover a emigração.

 1897 – O 1º grupo de 28 japoneses chega ao México para estabelecer uma colônia agrícola. Como foi organizada pelo antigo ministro do Exterior Enomoto Takeaki, é conhecida como Colônia Enomoto.

 1899 – Grupo de 790 pessoas emigra para o Perú.

 1903 – Cerca de 3 mil japoneses chegam às Filipinas para trabalhar na construção de rodovias.

 1907 e 1908 – O acordo entre Japão e EUA (1907 – 1908) e o acordo Hayashi-Lemiuex, estabelecido com o Canadá (1908) inibem a entrada de trabalhadores japoneses nestes países.

 1908 – Saída dos 1ºs emigrantes japoneses com destino ao Brasil.

 1909 – 160 japoneses emigraram do brasil para a Argentina.

 1910 – O Japão colonisa oficialmente a Coréia, o que promove o deslocamento de fazendeiros coreanos.

 1913 – Saída do 1º grupo de emigrantes japonenes  com destino à Argentina.

 1914 – Início da II Guerra Mundial. O Japão ocupa e transforma a Micronésia em colônia. A imigração japonesa para a região vai até meados da década de 1940.

 1924 – Término da emigração japonesa para os EUA.

 1925 – Subsídio do governo japonês aos emigrantes que pretendem viajar ao Brasil.

 1927 – O Japão cria a Lei Cooperativa Para Emigração Transoceânica para patrocinar uma base para a formação da Federação de Cooperativas Para Emigração Transoceânica. Esta organização promove o estabelecimento de colônias agrícolas japonesas no Brasil e em outros países.

 1928 – Início das restrições à entrada de japoneses no Canadá.

 1931 – Início da invasão japonesa na China.

1936 – Chegada dos 1ºs imigrantes japoneses ao Paraguai.

 1938 – O Brasil estabelece uma nova lei de imigração e restringe a entrada de japoneses.

 1940 – Levantes Anti-Japoneses acontecem na capital do Perú.

 1941 – Início da Guerra do Pacífico. Japoneses emigram para o sudeste asiático (Micronésia e China). Fim da emigração para a América do Sul.

 1945 – O Japão se rende.

 1950 – Mais de 6 milhões de japoneses (incluindo soldados) retornam ao Japão.

 1952 – O Brasil autoriza a entrada de 9 mil famílias japonesas para trabalhar a agricultura. É o 1º grupo (formado por 54 japoneses) que chega ao Brasil depois da II Guerra Mundial.

 1954 – Depois da Guerra, um grupo de 18 pessoas sai do Japão com destino ao Paraguai.

 1956 – Chegada dos 1ºs japoneses na República Dominicana. Mineiros em contratos de curto prazo partem para a Alemanha Ocidental sob o tratado Bilateral.

 1957 – Saída de 185 pessoas do Japão rumo à Bolívia.

 1961 e 1962 – 595 japoneses retornam da República Dominicana para o Japão. O final da emigração japonesa à países da América do Sul é induzido pelo crescimento da economia japonesa.

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